Galinha ao Molho Pardo da Margot

 

É sempre muito delicioso e afetuoso as histórias afetivas culinárias das pessoas. Todos tem uma história para contar, vivida em uma cozinha ou em uma cena culinária. Nossas vidas são preenchidas de lembranças, cheiros, sons, imagens e sabores, que armazenamos no nosso “disco rígido” e podem ser acessados, independente da nossa vontade. Basta, apenas, um pequeno sinal catalizador para que estas memórias culinárias aflorem e nos reportem para lugares e cenas que nos enchem de prazeres, recordações e afetos. 

A história a seguir, da amiga baiana e dona de cozinha Margot, é uma história de infância, vivida certamente, por muitos que tiveram o privilégio de ter uma infância em casa, com quintal, com bichos, árvores e uma família barulhenta e afetuosa. A história é apenas um ponto de partida para a conversa acabar no melhor lugar da casa, a cozinha, de onde temos o prazer de receber uma receita de Galinha ao Molho Pardo. Grato Margot! 

História Afetiva Culinária da Margot 

Tenho uma história interessante quando cozinhei a 1ª galinha caipira ao molho pardo da minha vida. Morava no interior, e meu pai criava vários animais: galinha, pato, cágado, coquem… Todo domingo era tradição almoçarmos galinha ao molho pardo, macarrão ao alho e óleo ou uma lasanha tamanho família, mas a galinha era o prato que eu mais gostava. 

Como a família era grande, meu pai escolhia um filho para ajudar minha mãe na cozinha através de um sorteio, ou então, o escolhido era quem tinha feito alguma travessura durante a semana, e eu sempre estava na cozinha domingo, pois sempre aprontava algo, enfim… 

Gostava daquilo ali, mas tinha uma coisa que me incomodava muito: matar a galinha, pois como havia uma criação no fundo da casa, escolhíamos a galinha que íamos comer, e na molecagem, brincadeira, entrávamos no galinheiro para pegar a galinha que seria degustada naquele dia. Até ai era muito divertido, a pior parte era ter que matar a galinha nua e crua. 

Todos corriam para não matar a galinha. Minha mãe sempre acabava matando, e meu pai brigando com ela, dizendo que a gente era que tinha que matar para aprender, senão iríamos ficar em casa para titia, porque ninguém ia casar com a gente… rsrsrsrs! 5 mulheres dentro de casa, imagina! 

Bom, tudo na vida tem a primeira vez, e lá fui eu sorteada para matar a galinha, certo domingo. Quase não dormi à noite, pois meu pai já tinha avisado um dia antes para eu não sair de casa.  Bem cedo, minha mãe me acordou e fui direto ao poleiro para pegar a galinha. Essa parte eu gostava. Depois mandou colocar uma panela no fogo com água para ferver e depois… nossa gente foi muito doloroso. Eu já sabia como era, porque minha mãe matava e a gente presenciava, mas na hora de matar, nós corríamos. 

Depenei o pescoço da coitadinha, peguei a faca, a minha mão tremia, minha mãe morria de pena de mim, eu chorava, dizia que estava matando um ser e que seria condenada por Deus (rsrsrsrs!), e meu pai ao lado insistindo, nem aí. Enfim, cortei o pescoço da galinha com minha mão leve, por esse motivo não consegui estrangular a bichinha e ela começou a se bater, isso me deu uma grande aflição, soltei a galinha, que fugiu com o pescoço pendurado e sangrando. Meu pai ordenava que eu corresse para pegar a galinha, que corria tanto que ele teve que correr junto com os espectadores: irmãos e vizinhos… uma peça de teatro. Resumindo, eles pegaram a bichinha, minha mãe acabou de matar e eu chorando muito coloquei a galinha na panela com água quente, para facilitar a saída das penas, seguido do processo de cortar a penosa. Para mim tudo foi muito estranho, mas cortei todas as partes certinhas com auxilio da minha mãe, lógico! 

Hoje faço uma galinha ao molho pardo maravilhosa. Agradeço a paciência da minha mãe e a dureza do meu pai em sempre me selecionarem para ajudar na cozinha da casa. Ficar sempre na cozinha me fez amar a culinária, tinha uma atração e ficava impressionada como minha mãe fazia, às vezes, comida para 30, 40, 50 pessoas ou caruru para 100 pessoas ou mais, com muito prazer e afeto, e na maioria das vezes sozinha (não gostava que ninguém mexesse nas panelas dela, só autorizava duas pessoas para fazer o pré-preparo, porque a finalização era ela sozinha). Eu percebi que sou igual a minha mãe… rsrsrsrs!  Quem sabe um dia preparo uma galinha ao molho pardo pra você. 

Hoje sou gastrônoma, faço almoço para empresas e eventos, aplicando todo esse amor de berço. Beijos! 

Magot na sua Cozinha Afetiva!

Galinha ao Molho Pardo da Margot 

1 – INGREDIENTES  

  • 01 galinha caipira
  • 03 tomates em cubos
  • 02 cebolas (de preferência roxa)
  • 04 dentes de alho amassado
  • Coentro a gosto
  • Cebolinha a gosto
  • Alfavaca a gosto
  • 03 folhas de louro
  • 05 batatas em rodelas cozidas separada.
  • 1 pitada de pimenta cominho
  • Sal a gosto
  • Limão
  • Óleo
  • Coloral a gosto
  • Sangue da galinha (reserve na geladeira até ser usado)

2 – MODO DE PREPARO

  • Corte todo o frango, tempere com limão, sal e pimenta cominho. Reserve por 10 minutos;
  • Em uma panela aberta e grande, refogue com óleo, um pouco da cebola, o alho e um pouco de coloral;
  • Adicione o frango, mexendo até pegar bem o tempero;
  • Depois que ela estiver toda envolvida, coloque os tomates em cubos, o coentro, a cebolinha, um pouco de água e deixe cozinhando;
  • Depois que estiver cozida, acrescente as batatas e o sangue da galinha;
  • Mexa, tampe e deixe ferver (para não ficar aguado);
  • Pode saborear uma boa galinha ao molho pardo… rsrsrsrs!  

3 – OBSERVAÇÕES

  • A galinha caipira cozinha entre 40 a 60 minutos, enquanto a galinha de granja por cerca de 20 minutos;
  • A água deve ser adicionada aos poucos, tomando cuidado para não deixar a panela seca. A própria carne do frango solta muita água.
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