Os Figos da Dona Santa

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Dona Santa era uma vizinha da minha mãe, da nossa casa de infância, lá na Praça da Matriz, em Feira de Santana da Bahia. Não lembro dela, como ela era, nem mesmo tenho certeza se o nome era Santa, mas a suposta Dona Santa da minha infância perdida no tempo, tinha um frondoso pé de figo no fundo da casa, que todo ano brotava centenas de figos. Mantendo a boa vizinhança, Dona Santa distribuía seus figos com os vizinhos. Minha mãe recebia sua parte, levando-os direto à panela, com quilos de açúcar, para virar um delicioso doce de figos inteiros.

Só agora ao escrever esse texto, me dei conta que nunca comíamos os figos frescos, nunca! Acho até, que sabor de figo para nós era na forma de doce, muito doce, assim como, sabor de morango era dos biscoitos recheados, pois morangos na minha cidade era algo tão raro, tão raro, que só lembro de comer a fruta anos depois, já adulto (achei horrível, sem qualquer semelhança com os deliciosos recheados da minha infância).

Sempre tive muita resistência aos figos frescos. Não me lembro de sair de algum supermercado ou feira com um pacote de figos na mão, mas, na feirinha orgânica do Parque da Água Branca, aqui em São Paulo, arrisquei comprar uma caixinha com 8 figos. A principio nem sabia o que iria fazer. 4 foram de imediato para uma salada de frutas, e aí, lembrei dos figos da Dona Santa e do doce da minha mãe. A lembrança fez jorrar litros de água da minha boca, o sabor do doce veio como se tivesse comido a poucos minutos e uma saudade enorme me jogou ao fogão para preparar um doce que não tinha a menor ideia de como fazê-lo.

Coloquei duas xícaras de água, duas colheres de sopa de açúcar de coco e cravo a gosto em um panela, e levei ao fogo até levantar bem a fervura. Quando a calda estava encorpando, adicionei os figos cortados ao meio. Concentrei bem a calda, desliguei o fogo, deixei o doce esfriar e fui degustar. Tudo errado!! Nada lembrava o da minha mãe. Até comi o doce, estava bonzinho, bem escuro, devido ao açúcar, mas era outra coisa.

Seria impossível o doce sair com qualquer sabor da minha infância. Cortei os figos ao meio, usei açúcar de coco e inventei um método maluco para fazer o doce. Paciência!! Valeu pela recuperação da memória afetiva do doce dos figos da Dona Santa.

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A FIGUEIRA

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Fruteira ancestral, leva cerca de um ano para iniciar a produção e seus frutos alcançam bons preços, especialmente de agosto a outubro. A figueira é uma espécie vegetal com muitas referências simbólicas. É a primeira planta descrita na Bíblia – Adão vestiu suas folhas ao descobrir que estava nu. Muitos povos da antiguidade a consideravam sagrada. Outros, fonte de fertilidade e fecundidade. Embora com relatos de cultivo tão antigos, sua origem é incerta: surgiu entre o sul da península arábica e a atual Turquia. Do Oriente Médio, a fruta se espalhou para os quatro cantos do mundo, chegando aqui por volta de 1532 pelas mãos do colonizador português Martim Afonso de Souza. Há mais de mil espécies de figueiras, planta do gênero Ficus, da família Moraceae, e nem todas produzem frutos comestíveis. No Brasil, segundo maior produtor mundial, predomina a espécie Ficus carica, a única cultivada com fins comerciais (Ref: http://revistagloborural.globo.com).

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